sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Até aonde vai a sua carência?




Falar sobre o tempo no ponto de ônibus? A demora na fila do banco? Puxar conversa sobre qualquer coisa com um completo estranho em lugares públicos em que você está sozinho?
A uma linha tênue entre ser sociável e o desespero que intrinsecamente esta em seus olhos arregalados e desfocados, implorando por aquela atenção, mas nunca é recíproco, nunca se consegue a mesma atenção dedicada ao estranho, nunca será igual, nunca estará à altura. E o estranho se vai e a sua carência só aumenta e se reinicia a busca desesperada por outro pobre coitado que não esta muito a fim de conversa.

Outro dia isso aconteceu, eu estava cansada indo trabalhar, estava em uma rotina muito louca, dormindo mal, comendo pior ainda, já saia de casa calculando em quantas horas eu estaria de volta. Ai uma mulher que estava perto começou a puxar assunto comigo e em 20 minutos – tempo que dura o percurso d ônibus até o centro da cidade – eu já sabia muita coisa sobre ela.
Ela falou eu só ouvi, parecia que ela ficava muito tempo sozinha durante o dia e não perdia a chance de falar com alguém, me falou que era casa, mas não tinha filhos, que queria ganhar coxa, me mostrou umas fotos no celular dela, não me recordo do que eram as fotos, mas me lembro dela me mostrando algo no celular e por citou alguma coisa sobre limpar a casa. Quem olhava de longe parecia que nos conhecíamos, não por minha parte que confesso estava indiferente a ela, mas sim da parte dela.
Durante o resto do dia eu fiquei pensando dela, em quantas pessoas mais ela abordou e puxou conversa, falou sobre si, sobre coisas que não importavam muito ao outro, mas tinha algum valor para ela. Pobre mulher, pobre pessoas carentes de qualquer atenção, prontas para despejar qualquer assunto em cima do outro sem se importar com sua desatenção/indiferença.

Ela só queria falar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário